HU-UFRJ celebra 30 anos do primeiro transplante de medula óssea
Pioneiro em transplantes no Brasil, o hospital universitário já realizou mais de mil transplantes
Rio de Janeiro (RJ) – O Programa de Transplantes de Medula Óssea do Hospital Clementino Fraga Filho (HUCFF), do Complexo Hospitalar da UFRJ, (CH-UFRJ) completou 30 anos de atendimento à população através do Sistema Único de Saúde (SUS). Atualmente, são, em média, 30 pacientes transplantados de medula por ano. O HUCFF é um dos 45 hospitais administrados pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh)
Vinculado ao Serviço de Hematologia, o setor de transplantes foi inaugurado em 1994 e trouxe profissionais e tecnologias do mundo inteiro para o benefício dos pacientes do Rio de Janeiro e do Brasil, sendo um dos primeiros hospitais universitários do país a realizar o procedimento.
O hospital é um dos poucos hospitais credenciados para todos os tipos de transplantes de medula: autólogo, alogênicos aparentados e alogênicos não-aparentados. Segundo Rony Schaffel, chefe do Setor de Transplantes de Medula Óssea, diz que “já são mais de mil pacientes que realizaram o procedimento de forma segura e com excelência”.
Roberto de Andrade Medronho, reitor da UFRJ, reafirmou que “todos os estudos e atendimentos do setor de transplante vão continuar com suas muitas contribuições para o ensino, a pesquisa e a saúde do país”. Ele ainda afirmou que “a missão do hospital universitário é produzir e difundir conhecimento, formar cidadãos que transformam o mundo e proporcionam melhorias na vida das pessoas como a de muitos pacientes que já passaram pelo hospital”.
Para celebrar as três décadas de serviço de excelência, o Setor reuniu diversas personalidades importantes para sua história, com homenagens, retrospectiva e compartilhamento de memórias e experiências de profissionais e pacientes.
Esperança que traz vida
Wladimir Alexandre Silva Damasceno, 38 anos, foi um dos pacientes que precisaram do transplante e foi atendido pelo programa da UFRJ. Na adolescência, descobriu que tinha leucemia e após diversas internações, quimioterapias e transfusões de sangue, precisou do transplante de medula óssea. “Foi muito difícil receber a notícia aos 16 anos porque eu era um jovem saudável, jogava bola e de um dia para o outro, precisei enfrentar todos os desafios dos tratamentos”, conta.
Seu irmão foi o doador e o transplante foi bem sucedido. Ele comenta que atualmente leva uma vida como a de qualquer pessoa e acrescenta: “eu trabalho, realizei o sonho de ser pai, me sinto muito bem e tive a remissão completa do câncer. Já são 21 anos desde o transplante. Agradeço imensamente a todos os profissionais que cuidaram de mim todas as vezes que te passo próximo ao hospital, lembro com gratidão de todos”.
Os trabalhos de transplante na pandemia
Luciana Guimarães, 53 anos, viu a vida mudar em meio à pandemia de Covid-19.
A brasileira, chefe de cozinha em Portugal, era extremamente ativa e em 2019 começou a se sentir muito cansada. Imaginando que a carga excessiva de trabalho seria a causa da fadiga extrema, preferiu fazer alguns exames para checar seu estado de saúde.
Depois de passar por diversos especialistas, em 2020 descobriu um tipo raro de linfoma e precisou iniciar o tratamento imediato no Instituto Português de Oncologia (IPO). Após algumas quimioterapias, soube que o transplante de medula óssea era a única alternativa.
Com a família no Brasil, Luciana precisava voltar ao país para realizar exames de compatibilidade de doadores, mas as fronteiras estavam fechadas por causa da pandemia. Foi quando conseguiu um voo após uma repórter portuguesa contar sua história e auxiliar no translado.
Chegando ao Rio de Janeiro, buscou atendimento no pelo SUS e foi encaminhada ao setor de transplante do HU-UFRJ e pôde realizar o procedimento pois seu irmão mais velho era 100% compatível.
“Fiquei impactada ao entrar no Setor de Transplante. Lembro que eu não conseguia nem andar e precisei entrar de cadeiras de rodas. Hoje, eu tenho qualidade de vida e sei que o câncer não é um ponto final, pois há esperança e possibilidade de cura”, comentou emocionada.
Perspectivas para os próximos 30 anos
O vice-presidente da Ebserh, Daniel Beltrammi, também presente no evento, destacou que a “a Rede Ebserh é uma das principais transplantadoras de medula óssea do SUS e este é o momento de celebrar e reafirmar compromissos”.
Ao falar sobre o planejamento para o futuro, Rony Schaffel salienta que com a chegada da Ebserh, há a possibilidade de mais celeridade, tecnologia, infraestrutura, leitos e integração multidisciplinar.
Amâncio Paulino de Carvalho, superintendente-geral do HU-UFRJ , reforçou que a instituição sempre atuou com sua capacidade máxima, não somente no atendimento aos pacientes, mas em relação à excelência e tecnologia e os próximos anos serão de ainda mais avanços”.
Além de atender as necessidades e dar assistência aos pacientes, o setor é referência por contribuir com o ensino e a pesquisa em Hematologia no mundo, inspirando diversos profissionais e instituições.
Sobre a Ebserh
O HUCFF do CH-UFRJ faz parte da Rede Ebserh desde o início de 2024. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Redação: Maria Carolina Frigo Maschio, com revisão de Danielle Campos
Coordenadoria de Comunicação Social – Ebserh