O Serviço de Hemoterapia funciona no 3º andar do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUFF/UFRJ). Para doar, basta trazer documento de identidade com foto (identidade, carteira de trabalho, certificado de reservista ou carteira do conselho profissional ou carteira nacional de habilitação), estar bem de saúde, ter entre 16 (com autorização dos pais) e 67 anos, pesar mais de 50 Kg. Não é necessário estar em jejum, deve-se evitar apenas alimentos gordurosos nas quatro horas que antecedem a doação. A coleta de sangue é feita entre 7h30m e 13h30m, no 3° andar do hospital, na Ilha do Fundão. Outras informações: 3938-2305 ou pelo email .
O hospital do Fundão realiza cerca de 25 cirurgias por dia, entre cardíacas, ortopédicas e vasculares – que demandam um volume expressivo de reserva de sangue, além de transplantes. As bolsas de sangue também são necessárias para o atendimento às crianças internadas no Instituto de Pediatria e Puericultura Martagão Gesteira (IPPMG) e da Maternidade Escola, unidades próprias da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Histórico
Serviço de Hemoterapia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) foi fundado em abril de 1978. Este serviço substituiu o tradicional Banco de Sangue e nasceu com conceitos inovadores e modernos, já executando procedimentos avançados, como o teste para diagnóstico do vírus da hepatite B, através do método, de radioimunoensaio para HBs-Ag recém lançado na América.
A criação do Serviço de Hemoterapia do Hospital ficou a cargo do Dr. Pedro Clóvis Junqueira, que permaneceu na chefia do serviço até Dezembro de 1991. Durante toda a sua vida profissional, até os 94 anos de idade, o médico teve motivos de sobra para se orgulhar do trabalho desenvolvido pelo setor. A Profª. Carmen Nogueira, chefe do Serviço de Hemoterapia do HU, descreve o Dr. Junqueira como uma pessoa dinâmica e de visão arrojada e relembra os principais fatos ocorridos nessas três décadas de existência do serviço.
Novo conceito de doação
Com o objetivo de multiplicar o valor da doação de sangue, a Hemoterapia do HU, desde a sua fundação, trabalha com o Sangue Total fracionado, com os chamados componentes do sangue. Assim, a meta é conseguir no menor volume de sangue, a maior concentração de elementos, sejam hemácias, plaquetas ou fatores da coagulação, para poder oferecer a cada paciente exatamente aquilo que ele precisa. O indicador do fracionamento reflete cuidados que vão desde a seleção do doador até a qualidade final do produto disponibilizado ao paciente.
Com o passar dos anos o Serviço de Hemoterapia aderiu a modernas técnicas de doação de sangue, pelo método de aférese, obtendo pleno resultado. Em um segmento de atendimento de alta complexidade, como o HUCFF se propõe, é preciso sempre estar incorporando avanços que permitem formar melhores profissionais além de oferecer melhor assistência.
A Hemoterapia precisava evoluir para um conceito de medicina trasnfusional, ou seja, era preciso mudar a idéia de que o hemoterapeuta é um médico que não vai à beira do leito. Ao contrário, acredita-se que o hemoterapeuta tem que ter uma participação mais ativa na equipe de saúde. Assim também os laboratórios e o atendimento ao doador precisavam agregar profissionais de outras áreas que tinham papéis fundamentais na estrutura da transfusão de sangue. Então, o serviço de hemoterapia do HU foi pioneiro ao ter uma enfermeira de nível superior realizando a triagem dos doadores. Hoje, observamos que muitos lugares adotaram essa estratégia, valorizando o profissional enfermeiro nas atividades da hemoterapia.
Apoio à Pesquisa
Ciente da importância da pesquisa, o Serviço de Hemoterapia abriga um laboratório de pesquisa em imunohematologia, que é coordenado pelo Prof. Marcos Palatnik. A produção do laboratório é intensa em número e qualidade dos trabalhos publicados assistindo ainda alunos de mestrado e doutorado. Há muitas pesquisas sobre grupo sanguíneo ABO, principalmente nos subgrupos A, que acontecem na nossa população mais freqüentemente do que no resto do mundo, por causa da miscigenação da raça brasileira. Isso é muito discutido nas pesquisas do Prof. Palatnik, porque o grupo sanguíneo repercute bastante na prática clínica, principalmente nos casos de transplantes.
Além de coletar o sangue da melhor forma e fazer a triagem correta, há preocupação constante com os resultados da transfusão. É importante saber o que acontece com o paciente no pós-transfusional. Por essa razão, foi desenvolvida com a colaboração do Prof. Jorge Toledo o primeiro estudo de hepatite pós-transfusional no Brasil, em 1983 e 1984. Essa proximidade com o Serviço de Hepatologia evoluiu, sendo um marco importante ter sido, o HUCFF, o primeiro serviço de transfusão de sangue no Brasil a iniciar a pesquisa do vírus C da hepatite em 07 de maio de 1991. Há pelo menos, cinco estudos em hepatites pós-transfusionais feitos ao longo das décadas, em colaboração com o grupo de fígado do HU, liderado pelo Prof. Henrique Sergio M Coelho.
Muitos outros alunos de pós-graduação vem se beneficiando dos procedimentos e processos desenvolvidos no Serviço de hemoterapia, que apoia teses de mestrado e doutorado na Faculdade de Medicina, na Escola de Enfermagem Ana Nery e em outros cursos de especialização da UFRJ.
A colaboração, em geral, é seguida de publicações e apresentação em Congressos Nacionais e Internacionais.
Sendo um centro produtor de componentes de sangue o Serviço de Hemoterapia do HUCFF tem também colaborações com pesquisadores em ciência básica, contribuindo para pesquisas em instituições com renome nacional e internacional. Entre as instituições destaca-se a Fundação Oswaldo Cruz, A UFRJ e a UFF. Atualmente são em número de 20 (vinte) pesquisadores cadastrados, para utilização de produtos que não são aplicáveis à assistência.
Tecnologia Moderna
O surgimento dos transplantes ajudou a mudar também o cenário das transfusões. Uma dessas mudanças foi o progresso tecnológico no setor de aféreses. O Serviço de Hemoterapia do HU conta com esses equipamentos, que permitem coletar a célula precursora hemopoiética no sangue periférico e fazer os transplantes de medula óssea a partir dessas coletas. Centenas de coletas já foram feitas no HUCFF, que desenvolveu juntamente com o setor de criopreservação um protocolo de coleta para otimização dos recursos empregados para obtenção de produto de alto valor clinico e assistencial.
As aféreses são usadas ainda no apoio transfusional aos pacientes que estão em seguimento de transplante, através de coleta de componentes específicos do sangue como plaquetas e granulócitos. Além disso, possibilitam fazer abordagens terapêuticas para doenças neurológicas e hematológicas, entre outras.
No segmento terapêutico o HUCFF destaca-se no apoio a doenças que se beneficial de procedimentos de aférese especialmente pacientes neurológicos e hematológicos.
A informatização geral do serviço, que ainda merece olhar cuidadosos para segurança da informação, já permite o rastreamento de uma doação de sangue desde os dados cadastrais do doador até o dia e a hora em que cada componente foi transfundido em um paciente. É um importante aspecto de segurança do paciente na instituição.
Troca de Experiências
Para permitir a melhor interação entre os profissionais, os laboratórios da hemoterapia com divisórias que permitem que os servidores interajam entre si, mantendo a segurança específica para cada área. Dessa forma, há ligação entre as seções e as pessoas são treinadas para realizar qualquer atividade desde produção de hemocomponentes a testes de doenças infecciosas ou provas de compatibilidade.
Participação na Hemorrede
Com uma média histórica de mil doadores de sangue por mês, o HU tem participação importante na hemorrede estadual do Rio de Janeiro. É o hospital geral público, que realiza o maior número de procedimentos complexos em todo o estado
O Serviço de Hemoterapia do HUCFF se diferencia da grande maioria dos hemocentros brasileiros, que distribuem o sangue que é transfundido em vários locais, pois o serviço de hemoterapia acompanha todo o ciclo do sangue, da captação à transfusão, passando pelos setores onde ele é analisado. Essa característica do serviço é fundamental para a formação de novos profissionais o que permitiu iniciar um programa de hemovigilância com rastreabilidade imediata de veia a veia, do doador ao receptor. O Serviço de hemoterapia do HUCFF reproduz essa possibilidade para as agências transfusionais dos outros hospitais do complexo da UFRJ que possuem agência transfusional, como o Instituto de pediatria e a Maternidade Escola.
Para os alunos, é muito importante que eles tenham a possibilidade de acompanhar todo o ciclo do sangue aprendendo como o sangue é processado, de que forma é feito o armazenamento dos componentes, participando das sessões de transfusão, recebendo o pedido do sangue que eles próprios preparam e vão para os leitos fazerem as aplicações. Tudo isso permite que eles tenham um entendimento de todo o ciclo e quando eles vão para o mercado de trabalho, estão preparados para atuarem em qualquer hemocentro”, afirma.
O que o futuro reserva
O progresso da medicina nas últimas décadas trouxe benefícios para todos os setores da saúde. Na hemoterapia não foi diferente. Muitas novidades ainda vão surgir nessa área e o HU está sintonizado a essas mudanças, acompanhando cada passo. Um exemplo é a questão da imunomodulação, isto é, os efeitos imunológicos que são desencadeados após a transfusão de sangue. Com certeza ocorrerá um progresso nesse setor, que mudará o conceito de transfusão.
As máquinas de aféreses também devem ganhar um espaço mais destacado no processo de coleta de sangue. Em dez anos haverá uma máquina de aférese para cada doador, fazendo a coleta específica do que precisa ser usado, diminuindo a possibilidade de perda de componente.
Existem algumas células no sangue que são benéficas em algumas situações, mas em outras, causam efeitos deletérios durante e após transfusão de sangue, como é o caso dos leucócitos. No momento que se conseguir separá-las imediatamente antes do armazenamento dos componentes sanguíneos, dá-se um salto na hemoterapia. Não há dúvidas que há muito a progredir também na pesquisa de agentes infecciosos e nas novas tecnologias na área de biologia molecular o que ajudará na prevenção de transmissão de doenças através da transfusão e melhores diagnósticos de grupos sanguíneos.
Finalmente, o Serviço de Hemoterapia quer seguir sua vocação e encontrar eco nas atuais e futuras administrações da UFRJ, para cada vez mais garantir a qualidade dos produtos do sangue oferecidos aos pacientes. Esse objetivo começa a ser atingido com os resultados da participação em programas de controle de qualidade externo, deve prosseguir com a modernização das instalações dos laboratórios, implementação de rotinas efetivas e regulares de controle de qualidade interno em cada uma das seções e finalmente com a obtenção de certificados de acreditação o que só será possível com o ativo gerenciamento dos processos de qualidade e o envolvimento, o compromisso e a participação de cada profissional do Serviço de Hemoterapia do HUCFF, do Complexo Hospitalar e da UFRJ.
O desafio
Os maiores desafios enfrentados pelo Serviço de Hemoterapia será manter um quadro técnico de acordo com a capacidade operacional e renovar gradualmente o seu parque de equipamentos.
Nos últimos anos houve perda de significativo quantitativo de servidores, por aposentadoria e óbito, agravado pela não ampliação do quadro apesar da introdução de novos procedimentos e tecnologias e também do aumento da complexidade do atendimento e quantitativo de leitos atendidos no HUCFF desde a sua inauguração em 1978.
Carmen Martins Nogueira
Chefe do Serviço de Hemoterapia
“Ao doador universitário”
Talvez você não possa!
Talvez você não queira e
Até mesmo não deva!
Certamente, você não precisa!
Mas se precisar,
Alguém doou.
E o fez no anonimato,
Por um ato solidário,
Salvando vidas,
Às vezes muito,
Muito próximas a você.
Universitário, doe sangue!
Autor: Prof. Amoedo
Ex-diretor da Escola de Comunicação ECO-UFRJ
(Dados de 2011)